Houve o dia em que um cargueiro de ideias aportou em meu cérebro durante um passeio dominical no shopping. Mas não me desesperei. Enquanto minha família fazia compras, tirei o smartphone do bolso, abri o ChatGPT, ativei o modo avançado de voz e listei brevemente tudo o que consumia minha mente. Ao final, pedi para que Friday, ou como apelidei o serviço, organizasse aquela confusão em uma pauta para uma reunião que eu teria dali a dois dias. Como esperado, tanto a reunião quanto o projeto que iniciávamos foram um sucesso.
Organizar pensamentos que chegam em volume maior do que sou capaz de processar é o principal uso que faço da inteligência artificial. São tarefas que eu mesmo poderia fazer, mas que exigiriam um ambiente adequado e consumiriam muito mais tempo. Sim, empregos estão em risco, mas, por enquanto, são os de estagiários e secretários imaginários que ainda estão longe de se concretizarem para alguém nas minhas condições financeiras.
Se você acompanha discussões sobre o uso das redes sociais ou o impacto da internet na sociedade, provavelmente já ouviu o termo “algoritmo”. Mas você realmente sabe o que essa palavra, tão utilizada por especialistas, significa?
De forma simples, um algoritmo é um conjunto de passos necessários para realizar uma tarefa. A analogia mais comum é com uma receita de bolo, ou o conjunto de instruções que o cozinheiro segue para transformar meros ingredientes em uma sobremesa sofisticada.
Eu já havia me emocionado com a performance de Sarah Kay e Phil Kaye para ‘When Love Arrives‘ quando a versão em português de Rayssa Bratillieri e Anthony Garcia me levou aos prantos. Pode ter sido a familiaridade maior com o idioma nativo. Mas certamente a fragilidade do segundo momento contou pontos — eu tinha acabado de ser devida e dolorosamente desligado da empresa à qual me dedicava havia três anos.
É um poema sobre o amor. Mas, noutro plano metafórico, enfatiza a finitude dos ciclos. Neste sentido, talvez acrescente pouco ao que Tom Jobim e Vinicius de Moraes oferecem com ‘A Felicidade‘, ou mesmo ao que Lulu Santos nos presenteia com ‘Como Uma Onda‘. Estão lá: a tristeza como um alicerce resistente; a felicidade como um frágil telhado de vidro que se despedaça à primeira pedrada; e a vida como uma sequência de ondas que vêm e vão. Mas Kay e Kaye — falando assim, pareço íntimo, mas nada sei deles além do que o ChatGPT me explicou há pouco — vão além, e propõem uma resposta às tais adversidades. No caso, a gratidão pelos bons momentos que as antecedem.