A morte do meu pai é, com folga, o episódio mais traumático da minha vida. Quis o destino que, aos 9 anos de idade, eu estivesse ao lado quando um AVC o fez sofrer fortes convulsões. E que coubesse a mim e à caçula corrermos pela vizinhança atrás de um socorro que de pouco adiantaria. Entre o derrame e a notícia da morte, passaram-se 5 dias de poucas novidades. Exceto pelo “Marina, morena Marina, você se pintou” que ouviram nos corredores do hospital pouco antes do coma profundo. Assumimos que, num momento daqueles, a opção por cantar seria um sinal de que ele estava e ficaria bem. Não imaginávamos que, na verdade, alucinava, algo que só nos seria esclarecido após a constatação do óbito. Ainda assim, gosto de acreditar que o melhor pai do mundo morreu reprisando o que fazia nos momentos de maior felicidade. E justo com uma de suas canções preferidas. Quantos podem se dar a esse luxo?
Continuar lendo Eu e a músicaMarlos Ápyus
Como a Paramore me ajudou a usar melhor as redes sociais
Eu nunca havia dado a menor atenção à Paramore. Sabia que falava a um público mais jovem… e só. Mas a For You me entregou no TikTok o trecho no qual a banda insere “Heart of Glass” em “Hard Times“. Eu gostei e, como de hábito, curti a postagem. Minutos depois, recebi mais um corte em que Hayley Williams esbanja simpatia, beleza, sensualidade e um jeito bem próprio de dançar. E um outro. E mais outro. Era obviamente uma reação do algoritmo à minha primeira interação. Mas, em vez de me indignar com o que tantas vezes soa como manipulação dos nossos sentimentos, eu me perguntei se conseguiria tomar as rédeas da situação.
Abri o Instagram, pesquisei por Paramore, curti meia dúzia de vídeos, adotei como regra interagir com qualquer conteúdo que fizesse menção à banda, e aguardei. Dias depois, as sugestões da minha página de busca estavam tomadas por Hayley.
Continuar lendo Como a Paramore me ajudou a usar melhor as redes sociaisComo a inteligência artificial de serviços como ChatGPT, MidJourney e Suno de fato me é útil
Houve o dia em que um cargueiro de ideias aportou em meu cérebro durante um passeio dominical no shopping. Mas não me desesperei. Enquanto minha família fazia compras, tirei o smartphone do bolso, abri o ChatGPT, ativei o modo avançado de voz e listei brevemente tudo o que consumia minha mente. Ao final, pedi para que Friday, ou como apelidei o serviço, organizasse aquela confusão em uma pauta para uma reunião que eu teria dali a dois dias. Como esperado, tanto a reunião quanto o projeto que iniciávamos foram um sucesso.
Organizar pensamentos que chegam em volume maior do que sou capaz de processar é o principal uso que faço da inteligência artificial. São tarefas que eu mesmo poderia fazer, mas que exigiriam um ambiente adequado e consumiriam muito mais tempo. Sim, empregos estão em risco, mas, por enquanto, são os de estagiários e secretários imaginários que ainda estão longe de se concretizarem para alguém nas minhas condições financeiras.
Continuar lendo Como a inteligência artificial de serviços como ChatGPT, MidJourney e Suno de fato me é útilVocê sabe o que é o algoritmo de que tanto se fala na web?
Se você acompanha discussões sobre o uso das redes sociais ou o impacto da internet na sociedade, provavelmente já ouviu o termo “algoritmo”. Mas você realmente sabe o que essa palavra, tão utilizada por especialistas, significa?
De forma simples, um algoritmo é um conjunto de passos necessários para realizar uma tarefa. A analogia mais comum é com uma receita de bolo, ou o conjunto de instruções que o cozinheiro segue para transformar meros ingredientes em uma sobremesa sofisticada.
Continuar lendo Você sabe o que é o algoritmo de que tanto se fala na web?Que bom que você passou por aqui
Eu já havia me emocionado com a performance de Sarah Kay e Phil Kaye para ‘When Love Arrives‘ quando a versão em português de Rayssa Bratillieri e Anthony Garcia me levou aos prantos. Pode ter sido a familiaridade maior com o idioma nativo. Mas certamente a fragilidade do segundo momento contou pontos — eu tinha acabado de ser devida e dolorosamente desligado da empresa à qual me dedicava havia três anos.
É um poema sobre o amor. Mas, noutro plano metafórico, enfatiza a finitude dos ciclos. Neste sentido, talvez acrescente pouco ao que Tom Jobim e Vinicius de Moraes oferecem com ‘A Felicidade‘, ou mesmo ao que Lulu Santos nos presenteia com ‘Como Uma Onda‘. Estão lá: a tristeza como um alicerce resistente; a felicidade como um frágil telhado de vidro que se despedaça à primeira pedrada; e a vida como uma sequência de ondas que vêm e vão. Mas Kay e Kaye — falando assim, pareço íntimo, mas nada sei deles além do que o ChatGPT me explicou há pouco — vão além, e propõem uma resposta às tais adversidades. No caso, a gratidão pelos bons momentos que as antecedem.
Continuar lendo Que bom que você passou por aqui